A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta quinta-feira (29) que
anunciará medidas de estímulo à economia brasileira na próxima semana,
quando voltar da Índia. Nesta semana, a presidente participa de reuniões com líderes do Brics, grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Ela deve retornar ao Brasil no fim de semana.
"Pretendemos divulgar um conjunto de medidas logo depois que eu voltar
para o Brasil. [...] As medidas têm por objetivo assegurar, através de
questões tributárias e financeiras, maior capacidade de investimento
para o setor privado", afirmou a presidente em entrevista a jornalistas
após discurso na IV Cúpula do Brics, em Nova Déli, capital indiana.
Dilma, porém, se recusou a adiantar o teor das medidas.
Ao ser perguntada sobre as críticas dos empresários em relação a alta
carga tributária no país, a presidente disse ter "plena consciência de
que o país precisa reduzir a carga tributária". "Eu também reclamo muito
do sistema tributário. Mas eu não posso supor que minha opinião pessoal
seja minha opinião como presidente da República. [...] Dentro do meu
período governamental, farei o possível para reduzir a carga
tributária", afirmou.
A presidente citou ainda "interesses envolvidos" na questão da reforma
tributária, como o impacto na arrecadação de municípios, estados e
União, e afirmou que tem tomado "medidas pontuais" para ajudar o setor
privado.
O processo de desoneração da folha de pagamentos teve início no ano
passado com o lançamento do plano "Brasil Maior", de estímulos para a
indústria. Em troca dos 20% de contribuição patronal do Instituto
Nacional do Seguro Social (INSS), os setores que estão no processo de
desoneração da folha de pagamentos (confecção, calçados e "call
centers") têm seu faturamento tributado em 1,5%. O setor de "softwares",
por sua vez, paga 2,5% sobre o faturamento em troca da desoneração da
folha.
Recentemente, o ministro Mantega informou que mais setores podem ser
incluídos neste processo, e acrescentou que a alíquota da contribuição
sobre o faturamento deve cair dos atuais 1,5%.
A jornalistas, Dilma também citou que considera necessário ampliar os
investimentos públicos. "Temos que fazer esse esforço. Teremos que
ampliar consumo do governo quando tratamos de saúde e educação.
Pagamento de médicos, temos que ampliar. Eu não tenho o número aqui, mas
temos um dos menores números de médicos percapita."
Reunião dos Brics
Antes de conceder entrevista à imprensa, Dilma participou da cúpula dos
Brics, que concordaram em estudar a criação de um banco comum de
investimentos para custear recursos de infraestrutura e projetos de
economia sustentável em países emergentes, segundo a declaração final da
cúpula. O grupo também fechou dois pactos para fomentar o comércio em
seus mercados.
Os acordos permitirão alcançar pactos econômicos usando moedas locais e
facilitar o reconhecimento dos títulos de crédito, com vistas a reduzir
o custo das transações.
"O Brasil acha fundamental a ampliação da cooperação financeira entre
os Brics e esta cooperação voltada para a promoção do desenvolvimento
sustentável. Apoiamos a criação de um grupo de trabalho para elaborar a
proposta do banco de desenvolvimento, que atue especialmente em projetos
de infraestrutura, em projetos de inovação, de desenvolvimento de
ciência e tecnologia com agenda de pesquisa voltada para temas de
interesse de nossos países", afirmou Dilma em discurso na cúpula.
As cinco potências emergentes ainda manifestaram preocupação com o
excesso de liquidez no sistema financeiro mundial provocado pelas
políticas monetárias dos países ricos.
Os bancos centrais das economias desenvolvidas têm injetado bilhões de
dólares no sistema bancário e mantêm as taxas de juros reduzidas para
tentar estimular o crescimento e lutar contra a crise da dívida.
"A liquidez excessiva que se deriva da política agressiva adotada pelos
bancos centrais para estabilizar suas economias está se espalhando nas
economias dos mercados emergentes", afirma um comunicado do bloco que
reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Suk, divulgado ao fim do
IV encontro de cúpula.
Em seu discurso, Dilma também criticou a desvalorização artificial das
moedas. “A consequente depreciação do dólar e do euro traz enormes
vantagens comerciais para os países desenvolvidos e coloca barreiras
injustas à competitividade dos produtos oriundos dos demais países, em
especial o Brasil. Contudo, nós, do Brasil, não queremos, não iremos,
nem concordamos em um processo de levar a uma competição na qual cada
país tenta sair da crise desvalorizando sua moeda e o ganho de seus
trabalhadores."
A presidente brasileira afirmou que é preciso uma "política baseada na
expansão do investimento e do consumo, na expansão dos mercados internos
das principais economias mundiais e no crescimento equilibrado do
comércio internacional”.
Fonte www.g1.globo.com
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