Ricardo Teixeira não é mais presidente da Confederação Brasileira de
Futebol (CBF) e do Comitê Organizador Local da Copa do Mundo de 2014
(COL). Em entrevista coletiva nesta segunda-feira, na sede da entidade
no Rio de Janeiro, José Maria Marin - vice-presidente do Sudeste e
mandatário em exercício após a licença médica de Teixeira na última
semana - anunciou que o cartola renunciou aos cargos.
Marin, que foi presidente da Federação Paulista de Futebol entre 1982 e
1986, leu uma carta de Teixeira em que o dirigente dizia: "Hoje, deixo
definitivamente a presidência da CBF". No texto, o ex-presidente anuncia
Marin, de 79 anos, como seu substituto na confederação e no COL. O
paulista disse que ficará no comando da CBF até o final do mandato de
Teixeira, em 2015, quando deverão ser feitas novas eleições.
No comunicado, Teixeira deixou um "muito obrigado" à torcida
brasileira, lembrou os títulos conquistados pela Seleção desde sua
chegada em janeiro de 1989 e considerou injustas as acusações que tem
sofrido. "Fiz nesses anos o que estava ao meu alcance, sacrificando a
saúde", dizia o texto.
Na última sexta, o dirigente havia pedido licença médica. Na véspera da
Assembleia Geral da CBF, que foi realizada dia 29 de fevereiro, ele
passou mal durante uma reunião e teve que deixar a sede da entidade com
dificuldades de se locomover. Em setembro do ano passado, Teixeira foi
internado por dois dias no Rio de Janeiro devido à diverticulite
(processo inflamatório e infeccioso do divertículo - bolsas circulares
da parede do colón que têm ligação com o intestino grosso).
Vice-presidente mais velho da CBF, Marin já foi jogador de futebol do
São Paulo e até governador do estado de São Paulo, substituindo Paulo
Maluf por alguns meses no início dos anos 80. Mas o dirigente acabou
famoso no mundo do futebol em janeiro deste ano por ter colocado no
bolso uma das medalhas do título do Corinthians na Copa São Paulo de
Juniores. Ao assumir o cargo de Teixeira, Marin afirmou que não haverá
mudanças na CBF:
- É a continuidade de uma gestão respeitada em todo o mundo.
O paulista revelou ainda que a participação de 0,01% de Teixeira na
sociedade do COL serão passados para o seu nome (os 99,99% são da CBF).
Teixeira deixa títulos, mas sai com acusações de corrupção
Ex-genro de João Havelange, Teixeira assumiu a CBF em 16 de janeiro de
1989. Com ele no comando, a Seleção conquistou duas Copas do Mundo (1994
e 2002), três Copas das Confederações (1997, 2005 e 2009) e cinco Copas
Américas (1989, 1997, 1999, 2004 e 2007). O dirigente também criou a
Copa do Brasil (1989) e transformou o Campeonato Brasileiro em disputa
de pontos corridos, com turno e returno, a partir de 2003. Sua maior
vitória foi conquistada em 2007: liderou a candidatura do Brasil para
ser sede da Copa do Mundo de 2014 e, logo em seguida, tornou-se
presidente do Comitê Organizador Local (COL).
Antes do carnaval, alguns jornais e sites brasileiros passaram a
divulgar que Teixeira deixaria o poder em breve. A esposa e a filha mais
nova do dirigente viajaram para Miami, assim como o dirigente, o que
aumentou a especulação. As notícias sobre a possível saída de Teixeira
aumentaram com as denúncias da imprensa internacional sobre o
envolvimento dele em escândalos de corrupção da Fifa, onde é membro do
Comitê Executivo.
O nome de Teixeira foi envolvido em uma denúncia da TV inglesa BBC, que
apontou o dirigente como um dos que teriam recebido comissões da
agência de marketing ISL (extinta em 2001 por falência). Por causa
dessas relações, a ISL teria obtido lucrativos contratos de patrocínio e
de direitos de televisão com a Fifa. No Brasil, a Polícia Federal
chegou a instalar um inquérito para apurar a suposta lavagem de dinheiro
e evasão de divisas do presidente da CBF.
Desafeto de Teixeira, o presidente da Fifa, Joseph Blatter, prometeu em
outubro do ano passado que tornaria público os arquivos do "caso ISL".
Contudo, por questões legais, a promessa ainda não foi cumprida.
No Brasil, o dirigente também virou alvo de acusações sobre o
envolvimento com a empresa Ailanto, responsável pela organização do
amistoso em Brasília entre Brasil e Portugal em 2008 e que recebeu R$ 9
milhões do governo do Distrito Federal. A Polícia Civil da capital abriu
inquérito para investigar suposto desvio de dinheiro público. A Ailanto
tem como sócio o presidente do Barcelona, Sandro Rosell, um dos
melhores amigos de Teixeira.
Fonte: www.g1.globo.com
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