O número de vítimas da repressão na Síria é de "muito mais de 7.500
mortos", declarou nesta terça-feira (28) um alto funcionário da ONU.
Lynn Pascoe, secretário geral adjunto da ONU para Assuntos Políticos,
admitiu, contudo, diante do Conselho de Segurança, que as Nações Unidas
não podiam "dar cifras precisas" do número de mortos durante as
manifestações opositoras na Síria.
"Há relatos confiáveis de que o número de mortos agora geralmente
excede os de 100 civis por dia, incluindo muitas mulheres e crianças",
disse.
Pascoe afirmou que o fracasso da comunidade internacional para "deter o
massacre" incentiva o governo sírio a acreditar que pode agir com
impunidade.
Observadores sírios de direitos humanos afirmaram que mais de 7.600
pessoas morreram nos últimos 11 meses, mas este é o maior valor estimado
até agora pelas Nações Unidas.
Pascoe disse que a resposta com tanques e bombardeios aos protestos era
"uma reminiscência do massacre de Hama realizado pelo governo sírio em
1982", ordenado pelo pai do presidente, Hafez, e no qual morreram, ao
que parece, milhares de pessoas.
"Infelizmente, a comunidade internacional fracassou em sua obrigação de
deter o massacre e as ações e inações (...) parecem ter fomentado no
regime a crença de que estava impune para realizar a destruição sem
sentido de seus cidadãos", disse Pascoe em uma conferência sobre o
Oriente Médio diante do Conselho de Segurança.
A Síria
enfrenta uma grave crise política desde março de 2011, com forças de
segurança do regime do presidente Bashar al Assad reprimindo
violentamente protestos oposicionistas, principalmente na cidade central
de Homs, alvo de pesados ataques há três semanas.
A circulação de jornalistas pelo território é restringida pelas
autoridades, o que dificulta a apuração do número real de mortos em
confrontos.
Cada vez mais, a comunidade internacional pressiona Assad para que ele interrompa a violência e deixe o poder.
Mas Rússia e China vetaram duas resoluções do Conselho de Segurança da ONU que pretendiam condenar a violência.
Diplomatas, no entanto, afirmaram que as negociações podem levar em
breve a uma nova resolução exigindo o acesso humanitário à Síria.
Cerca de 25 mil refugiados, segundo registros da ONU, encontram-se em
países limítrofes da Síria e entre 100 e 200 mil estão desabrigados
dentro do país, acrescentou Pascoe.
Hillary
Hillary Clinton disse ao Senado dos Estados Unidos que pode se
argumentar que Assad é um criminoso de guerra, mas que usar essa
nomenclatura "limita as opções para convencer os líderes a deixar o
poder".
O ministro das Relações Exteriores francês, Alain Juppé, disse na
segunda-feira que é o momento de denunciar a Síria no Tribunal Penal
Internacional e advertiu Assad de que ele enfrentará a Justiça.
A Tunísia, entretanto, onde uma revolta derrubou o presidente no ano
passado, estaria disposta a oferecer asilo a Assad se isso ajudar a
conter a violência na Síria, disse uma autoridade tunisiana do alto
escalão.
Juppé afirmou ao Parlamento francês que começou o trabalho no Conselho
de Segurança para uma resolução que "possa ordenar uma interrupção
imediata das hostilidades e permitir o acesso de ajuda humanitária, ao
mesmo tempo em que renova o apoio ao plano da Liga Árabe".
"Peço solenemente que Rússia e China não vetem essa resolução no Conselho de Segurança", afirmou ele.
Fonte: www.g1.globo.com
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